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Ludicidade: contribuições no processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil







APRESENTAÇÃO

Ao desenvolver a docência na educação infantil, percebemos nitidamente a presença do lúdico no universo das crianças pequenas, pois não há nada que as crianças façam que não se tenha o ato de brincar presente, seja representado pelo corpo, imaginário ou no próprio objeto (brinquedo). A nitidez lúdica a qual nos referimos se dá em momentos variados como por exemplo: as crianças brincam as vezes em grupo, outras sozinhas, ora com objetos (brinquedos) outras sem ou substituídos por qualquer outro objeto que em seu imaginário se tornava o brinquedo desejado.

De modo geral percebemos que a aplicação do lúdico não pode ser tímida por parte dos educadores, pois não podemos pensar em desenvolver um trabalho na educação infantil sem temos em nosso planejamento uma proposta lúdica. Sentimos o desejo de aprofundarmos um pouco mais teoricamente em relação ao lúdico e suas contribuições no processo de aprendizagem infantil, ou seja, como o educador poderá se pautar nessa ferramenta enquanto recurso pedagógico, pois sabemos que o brincar pelo brincar dentro da instituição de ensino não há valor significativo, na perspectiva da aprendizagem educacional. Faremos aqui, um estudo bibliográfico acerca do lúdico, buscando fundamentos e contribuições para prática pedagógica.

1- ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM

Educar ludicamente é uma proposta que se bem aplicada e compreendida, contribuirá concretamente para a melhoria do ensino. Entendendo que a importância do brinquedo no desenvolvimento da espécie humana já é reconhecida pela maioria daqueles que hoje pensam sobre educação e ousam registrar este pensamento, afirmamos que o resgate lúdico como opção por um modo mais feliz de ensinar e aprender é de responsabilidade do professor. A sala de aula deve ter um dinamismo próprio que facilite a criança o relacionamento social.

O aprender brincando apresenta características próprias de dinamismo que envolve fundamentalmente a linguagem oral, dando oportunidades a criança de questionar, ser questionada, se ajudar na procura de nomes de objetos, categorias as quais pertencem, os significados dos mesmos e a possibilidade de através das relações sociais, transformar suas esferas afetivo-motivacional em cognitiva, facilitando desta forma a aprendizagem. Vygotsky (1989), afirma que: é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos. (Vygotsky, 1989: 109)

As brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra e estimular para o desenvolvimento do ir além; desta forma, pode-se perceber a importância do professor conhecer a teoria de Vygotsky.

2 - A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA E DOS JOGOS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 

A brincadeira e o jogo são processos que envolvem o individuo e a sua cultura, adquirindo especificidades de acordo com cada grupo. Eles têm um significado cultual marcante, pois é através do brincar que a criança vai conhecer, aprender e se construir como ser pertencente ao grupo, ou seja, o jogo e a brincadeira são meios para a construção de sua identidade cultural. Quando a criança brinca, muitas coisas sérias acontecem. Quando ela mergulha em sua atividade lúdica, organiza-se todo o seu ser em função da sua ação. O interesse provoca o fenômeno, reúnem-se potencialidades num exercício mágico e prazeroso. (Cunha, 1995:7)

Ao brincar a criança deixa fluir suas emoções, seus sentimentos, seus conflitos e permeando todas estas situações, está a aprendizagem como resultado de um processo natural, prazeroso, positivo e satisfatório. A criança ao brincar e jogar, fica tão envolta com o que está fazendo, que coloca em sua ação o seu sentimento e emoção. Ela entrega-se a um mundo particular que atende as suas necessidades mais prementes. Assim, através do brinquedo, ela busca resolver questões que lhes são importantes. Por isso, quanto mais a criança tiver a oportunidades de brincar, mais facilmente conseguirá resolver suas questões internas.

O papel do jogo no ensino ou na aprendizagem é explorado por grandes teóricos como ROUSSEAU, FROEBEL, DEWEY E PIAGET, apesar das divergências teóricas entre alguns desses autores, o jogo é para todos eles uma atividade fundamental para o desenvolvimento humano e para educação infantil. (Rosa & Di Nisio, 1999). A idéia de aplicar o jogo na educação difundiu-se, principalmente a partir do movimento da Escola Nova e da adoção dos chamados "métodos ativos". No entanto, esta idéia não é tão nova nem tão recente quanto possa parecer. Froebel pregava uma pedagogia da ação, e mais particularmente do jogo. Ele dizia que a criança para se desenvolver, não devia apenas olhar e escutar, mas agir e produzir. Essa necessidade de criação, de movimento, de jogo produtivo deveria encontrar seu canal de expansão através da educação.

O pensador considerava que os jogos e os brinquedos infantis tinham uma função educativa básica: é através dos jogos e brincadeiras que a criança adquire a primeira representação do mundo e, por meio deles, ela também penetra no mundo das relações sociais, desenvolvendo um senso de iniciativa e auxilio mútuo.

 2.1- O uso de jogos requer conhecimento

De acordo com a fase de desenvolvimento da criança, existem certa características que lhe são peculiares, isto requer determinadas atitudes por parte do educador para que não haja constrangimento durante a ação pedagógica. A visão de que brincar é uma atividade infantil, normalmente vista para passar tempo, não atribuindo a esta atividade a importância que realmente tem para o desenvolvimento infantil, deve ser repensada seriamente por nós educadores, pois a criança vai conhecendo o mundo a partir da sua ação sobre ele. Brincadeiras e jogos são considerados fatos universais, pois sua linguagem pode ser compreendida por todas as crianças do mundo. Se quisermos conhecer bem as crianças, devemos conhecer seus brinquedos e brincadeiras.

Atividades significativas, prazerosas, integradas e lúdicas devem vir ao encontro da realidade em que a criança está inserida, e dentro de um contexto, gerar e ser fonte de prazer, provocando motivação e busca de enriquecimento constante. O brinquedo em diferentes situações aparentemente descompromissadas podem oportunizar o desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento, principalmente para introduzir a construção de novos conceitos.

Fica para nós enquanto educadores, o desafio de resgatar o espaço das brincadeiras na vida das crianças, que vem progressivamente se perdendo e comprometimento de forma preocupante o desenvolvimento infantil como um todo. Precisamos oferecer as nossas crianças oportunidades de exercer o direito de brincar. Esses espaços devem incentivar a brincadeira de faz - de conta, a dramatização, a construção e a solução de problemas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos que através da ludicidade é possível que o ser humano desfaça todos os conflitos internos e frustrações, o qual reconstrói as energias, idéias e pensamentos, uma vez que a brincadeira, o lúdico desperta o conhecimento, e é brincando que a criança desenvolve as potencialidades, as habilidades motoras, as qualidades, o espírito de iniciativa e de equipe, a coragem, a sociabilidade, a capacidade criadora, a disciplina, a gentileza, enriquecendo-se assim de valores morais, afetivos e intelectuais na aparente descontração na hora do brincar.

Conclui-se que a aprendizagem se processa a partir do sujeito, que este aprende em contato físico, interpessoal, e psicossocial com o meio em que vive e em que está inserido. Pois como sabemos o sujeito não é algo acabado e pronto, mais se constrói no dia a dia e o seu conhecimento não é herdado geneticamente, mas se dá justamente no contato com o meio. Assim por ser o jogo/brincadeira essencial na formação da criança propõe-se que todas as pessoas que estão direta ou indiretamente ligadas á infância deve fazer o uso do mesmo, mas de uma maneira consciente, organizada e com objetivos, metas claramente definidas, pois de nada vale "saber fazer sem compreender seu real sentido". Ao pensarmos na prática pedagógica esta deve ser transformada no dia a dia de forma crítica e consciente, com o qual teremos condições de afirmar sempre que a criança é um ser integrado dentro de uma óptica universal.

 Assim através da confecção e aplicação de jogos e brincadeiras, conclui-se que os professores possam ensinar, fazer e brincar com seus alunos de maneira desejável, tornando assim o aluno um sujeito ativo no processo ensino-aprendizagem, onde estarão vindos ao encontro das necessidades do aluno. Portanto o que cada professor tido como educador deve buscar não é que a criança aprenda a brincar com este ou aquele brinquedo, mas que através dele ela possa se desenvolver plena e saudavelmente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUNHA, N. H. S. Brincar, pensar e conhecer. Cidade: Maltese, 1997.
PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de janeiro: Forenze, 1969.
Rosa, A. P. & Di Nisio, J. Atividades lúdicas: sua importância na alfabetização. 1ª ed. Curitiba, Juruá, 1999.
VYGOTSKY, Lev.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Autoras: Clarize Auxiliadora Miranda Prado - Graduada em Matemática e Pedagogia - Pós graduação em Psicopedagogia - Professora de Educação Infantil II (5 anos) no Centro Educacional Profº Oscar da Costa Ribeiro. Várzea Grande/MT.

Maria Rita de Barros Arruda -  Pedagogia - Pós graduação em Psicopedagogia - Professora de Educação Infantil II (5 anos) no Centro Educacional Profº Oscar da Costa Ribeiro. Várzea Grande/MT.
Autor: clarize prado

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