Na área escolar alguns estudos refletem sobre a utilização do lazer como objeto da educação para os alunos, pois se trata da importância deles vivenciarem seus direitos sociais de maneira criativa e critica. Como alternativa para desenvolver e formar indivíduos capazes de questionar e entender o nosso meio social. Para Neto (1984), a escola representa o espaço onde se criam condições para promover, de maneira organizada, as aquisições consideradas fundamentais para o normal desenvolvimento da criança.
A educação de hoje apesar de deixar um pouco a deseja, ela ainda é uma grande ferramenta utilizada como meio de buscar indivíduos para se adequarem e se desenvolver na sociedade em que vivemos. Não deixando de lado o lazer, pois se trata de um complemento na vida de qualquer ser humano dentro da sociedade.
A educação é hoje entendida como o grande veículo para o desenvolvimento, e o lazer, um excelente e suave instrumento para impulsionar o indivíduo a desenvolver-se, a aperfeiçoar-se, a ampliar os seus interesses e a sua esfera de responsabilidades (REQUIXA 1979, p.21).
Geralmente a educação e o lazer são vistas como um meio de transmissão de conhecimentos e habilidades que podem ser indicada para qualquer faixa etária. Não tem nada melhor que aprender brincando. Pois podemos dizer que o objetivo de ambos é fazer com que a sociedade em si utilize o seu tempo disponível de maneira alegre e positiva. E sendo assim um processo de desenvolvimento em que o individuo amplia seus conhecimentos no decorrer de sua vida diária no trabalho ou na escola.
A relação existente entre ambos parece não causar qualquer inquietude. Requixa (1980) defende que nada seria mais adequado que considerar a importância do aproveitamento das ocupações de lazer como instrumentos auxiliares da educação. Argumenta que o indivíduo, ao participar em atividades de lazer, desenvolve-se quer individualmente, quer socialmente, condições estas indispensáveis para garantir o seu bem-estar e participação mais ativa no atendimento de necessidades e aspirações de ordem individual, familiar, cultural e comunitária.
Nas leituras de Dumazedier (1979, p.34), encontramos claramente a idéia de que o lazer se desenvolve como uma espécie de contraposição alegre ao trabalho, pois sua conceituação compreende "[...] um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se [...], após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais."
Vale apena ressaltar que, o que pode ser lazer para uns, já para outros pode deixar ser, isso vai da vivencia de cada individuo da sociedade. Pois na verdade vivemos em uma sociedade capitalista, logo somos alienados ao trabalho para se obter o capital e dessa forma, então se requer um tempo livre para que haja o lazer.
Faleiros (1980, p.64) destaca [...] que a relação existente entre trabalho e lazer não é de oposição, como alguns autores vêem. O tempo de trabalho requer um tempo de não trabalho; a atividade de trabalho requer a realização de outras atividades para que ela posse se repetir. Na realidade, é um processo único. Entre o tempo de trabalho e o tempo de não trabalho existe uma unidade muito particular. Durante o tempo de não trabalho, os homens desenvolvem uma variedade de ações ligadas, todas elas, à satisfação de determinadas necessidades. Eles se transportam, preparam os alimentos, comem, fazem sua higiene, dormem, mantém relações sexuais, etc., ações estas ligadas à reconstrução e reprodução da força de trabalho. Com aquele mesmo objetivo, existem outras: eles passeiam, fazem e ouvem música, jogam e assistem jogos, lêem e escrevem, dançam, fazem e assistem a filmes.
Isso também se reflete durante a vida escolar das crianças, onde elas ficam basicamente um turno inteiro na escola. Nesta situação também há uma pequena carência de lazer, pois na maioria das vezes ficam sentadas escrevendo o que o professor coloca no quadro e derrepente chega a hora do "recreio", e então a criança se "liberta" da sala de aula, fazendo com que aqueles minutos se tornem um momento de lazer para elas.
LAZER DA ESCOLA
Quando se fala em lazer da escola, imagina-se de imediato o momento mais esperado pelos alunos, a aula de educação física. Pois nessa disciplina foge-se de todos os padrões das demais que se limitam a quatro paredes, um quadro onde se escreve o conteúdo programático e os exercícios a serem realizados pelos alunos. A aula de educação física surge então como uma válvula de escape para que os alunos possam extravasar suas energias e ao mesmo tempo prepará-los para uma nova aula em uma sala. Evidentemente não se pode fazer das aulas de educação física um momento de diversão sem conteúdo e objetivo, se faz necessário um planejamento do que vai ser ministrado para os alunos eufóricos por um momento de lazer.
A Educação física enquanto componente curricular da educação básica deve assumir uma outra tarefa: introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de aptidão física em benefício da qualidade de vida (BETTI e ZULIANI, 2002, p. 75).
Nos dias atuais é normal falar sobre qualidade de vida, e promover essa qualidade é de fundamental importância para qualquer pessoa, e a educação física tem esse papel de preparar a cada criança, jovem e adulto para uma vida saudável, ou seja, viver bem a cada momento.
Na escola quando chega o momento do intervalo das aulas, as crianças se reúnem para brincar, esse momento é caracterizado por muita diversão. Os alunos formam pequenos grupos para aproveitar esse momento livre das aulas tradicionais e cada segundo parece ser uma eternidade de um intenso prazer de estar interagindo uns com os outros. Observando o lazer da escola os professores de educação física passaram a canalizar esse momento para dentro de suas aulas obtendo resultados bastante significantes nas suas aulas e nas demais disciplinas que aderiram a aliança do útil ao agradável, o conteúdo a ser passado para os alunos de uma forma agradável e divertida.
Considerações Finais
Em nossa sociedade aos olhos da educação física, temos uma grande preocupação em relação às crianças do século XXI que crescem dentro de um apartamento deixando de realizar através do seu momento de lazer, vivências que serão importantes para toda a vida. O lazer das crianças em sua grande maioria está em um vídeo game, computador e internet, limitando nossas crianças a experiências que esses utensílios não irão proporcionar. O lazer que a educação física defende é aquele que leva a todas as crianças o poder do autoconhecimento e cultura corporal dos mais variados movimentos. Acreditamos que o real desenvolvimento das práticas de lazer em nossa sociedade só ocorrerá quando esta for refletida criticamente e, apenas quando o homem se libertar de sua condição de explorado, escravo do capital.
AUTORAS:
ANA MARIA RODRIGUES
ELIANE FURTADO DOS SANTOS
ERALDO PICANÇO
JEANNE DO SOCORRO FERREIRA
REFERENCIAS
NETO, C. (1984). Motricidade infantil e contexto social – suas implicações na organização do ensino. Revista Horizonte. Vol. 1, n.º 1, pp. 8-17.
REQUIXA, R. (1979). Conceito de lazer. Revista Brasileira de Educação Física e Desporto. N.º 42, pp. 11-21.
REQUIXA, R. (1980). As dimensões do lazer. Revista Brasileira de Educação Física e Desporto. N.º 45, pp. 54-76.
DUMAZEDIER, J. Sociologia empírica do lazer. São Paulo: Perspectiva 1979
FALEIROS, M. I. L. Repensando o Lazer. Perspectivas, São Paulo, n.3, p.51-65, 1980.
BETTI, Mauro; ZULIANI, Luiz Roberto. Educação Física Escolar: Uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo: Editora Mackenzie. Ano 1, nº1,p73-81, 2002.
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