O filho que está entrando na puberdade, entre 9 e 12 anos, pode começar a torcer o nariz para as coisas do mundo infantil. A mudança costuma surgir com clareza nos esportes. "A criança não quer mais jogar em meia quadra e sem o gostinho de competir, em situações que todo mundo ganha", observa a professora de educação física Márcia Maria Matsubara, do Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (USP). "O interesse se volta para modalidades bem definidas, com regras e competições como as de adulto", acrescenta. Interessa também nessa fase, lembra a professora, a influência do ambiente. "A escolha por praticar um esporte para valer,nesse período, está muito associada às preferências dos amigos." A história de Anderson, 12 anos, confirma a percepção da professora. Ele começou a ser motivado cedo, aos 6 anos, para o futebol. "Meu marido foi jogador amador desse esporte e queria que o filho também jogasse. Colocou-o numa escolinha, mas Anderson não gostava muito. Ele se sentiu atraído mesmo aos 9 anos, quando os amigos passaram a jogar e participavam de campeonatos", conta a mãe, a funcionária pública Alaydes Machado.
Escolha própria
Para o presidente da Sociedade Sul-Americana de Psicologia do Esporte, Benno Becker Júnior, a criança de 9 a 12 anos já tem condições de fazer suas escolhas quando o assunto é esporte. "Não convém forçá-la a praticar isto ou aquilo. Os pais devem oferecer informação sobre várias modalidades para que ela decida e faça com prazer aquilo de que realmente se sente capaz e gosta, sem pressão ou cobranças de resultados olímpicos. " Segundo ele, essa postura é fundamental para o filho aproveitar os benefícios do esporte. "Quando a escolha é da criança, ela ganhará não apenas habilidade e desenvolvimento físico, mas principalmente confiança e auto-estima. O esporte mal conduzido pode provocar depressão, ansiedade e até lesões físicas", alerta.
Não quero mais
Se é a criança que faz a escolha, também pode desistir dela sem entrar em conflitos familiares. De acordo com o psicólogo Becker, apesar do entusiasmo em fazer um esporte mais a sério por volta dos 10 anos, a maioria das crianças larga a atividade aos 13 anos. "Acredita-se que o motivo seja a entrada na adolescência, fase de uma série de mudanças corporais e psicológicas em que surgem outros interesses, como namorar."
Qualidade de vida
A finalidade principal do esporte, ressaltam os especialistas, é a melhoria da qualidade de vida e não transformar a criança num atleta. "Por mais esforço que os pais façam, como pagar um treinador extra, a criança não se destacará numa atividade se não tiver talento. E são poucas que o possuem", diz o psicólogo Becker Júnior. Por isso é importante escolher bem o profissional que ensinará o esporte. "Ele deve valorizar mais o aprendizado e menos os resultados", recomenda a professora Márcia Matsubara.
Fonte; Revista Crescer
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