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O futebol precisa ter espaço na escola






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A garotada sempre joga bola no recreio? Isso não é pretexto para deixar o esporte fora das aulas. Na EE Alcides da Costa Vidigal, os alunos aprenderam diversos fundamentos e estratégias de jog


"Em campo, as equipes estão prontas. A juíza apita. Bola correndo. Movimenta Júlio, passa para Giulia. Giulia recebe, Edson vai pra cima. Giulia recua, passa para Beatriz, que domina e entrega para Ricardo no ataque. Ele corre, dribla Pietra, dá uma caneta em Edson, ajeita a bola. Chuta. A goleira Luana defeeeeende, espalmando a bola que sai à esquerda do gol."

Atividades de Futebol para a Educação Física Escolar

Essa poderia ter sido a narração de um dos jogos que aconteceram nas aulas de Educação Física do 5º ano na EE Alcides da Costa Vidigal, em São Paulo. A proposta de trabalhar com o esporte, tão praticado durante o recreio, foi organizada pela professora Jacqueline Martins. Além de observar que boa parte dos estudantes frequentava escolinhas de treinamento e ia às aulas vestindo camisas de time, ela fez uma enquete para saber qual esporte o grupo queria estudar.

Estava decidido: o futebol entrou no planejamento. Como meta, a professora queria ir além do bate-bola. Para isso, orientou diversas atividades. Dentre elas, discussões e vivências sobre os fundamentos, as regras e as estratégias, além de momentos em que meninos e meninas jogavam juntos. Jacqueline também propôs que eles apitassem as partidas e conhecessem mais sobre as gírias e os termos usuais do esporte.

Mário Luiz Ferrari Nunes, líder do Grupo de Pesquisa em Educação Física Escolar da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), endossa a decisão da educadora. "É importante que a escola aborde as práticas corporais presentes no universo dos estudantes, ampliando os saberes deles."


Plano de aula | Boleiros - Era uma vez o futebol... Como analisar o esporte sob a perspectiva cultural
Vídeo | Os alunos só querem jogar bola. E agora?
No gol, na linha ou como árbitro: os alunos devem experimentar

Antes de propor qualquer bate-bola, Jacqueline identificou o que as crianças conheciam sobre o esporte. Primeiro, pediu que elas listassem os momentos em que entravam em contato com a modalidade. As respostas surpreenderam. "Elas citaram muitos programas de TV que eu não conhecia. Resolvi assisti-los para saber a que material a turma tinha acesso. Assim, poderia enriquecer as minhas ideias", conta.

Depois, ela orientou a classe a montar dois times mistos com 11 integrantes e jogar. Foi uma confusão só: todo mundo corria ao mesmo tempo para onde a gorduchinha ia. "É o futebol abelha", disse João Vitor Andrade Bezerra, 10 anos, utilizando uma das expressões típicas dos gramados. Encerrada a atividade, as crianças reclamaram da bagunça e de outras coisas que atrapalharam o jogo. As meninas, por exemplo, reivindicavam que os garotos passassem a bola a elas mais vezes. Alguns deles diziam que tinha gente demais no jogo. Jacqueline pediu sugestões para resolver os problemas. "Eles propuseram, por exemplo, times com menos atletas. Fechei em sete", ela diz. Evidentemente, isso não resolveu todas as questões, mas o cenário ficou organizado para as próximas etapas.

Como já haviam experimentado atuar em times mistos, os alunos puderam testar outras possibilidades: meninos contra meninas, meninos contra meninos e meninas contra meninas. Durante esse tempo, muitas questões foram levantadas pelos estudantes - e não só relacionadas à questão de gênero. "Tem gente que não sabe jogar", reclamavam. Como educadora, ela sabia que nem todos os integrantes de um grupo têm os mesmos conhecimentos e habilidades e que isso nem de longe deve ser encarado como um mal. Em vez de incorrer em um erro comum, separar a classe em melhores e piores ou em meninas e meninos, Jacqueline decidiu se valer da experiência daqueles que frequentavam escolinhas de futebol. Com isso, ela não solucionaria sozinha os problemas. Assim, desafiou os mais experientes a enfrentá-los junto com ela, trocando ideias com os colegas.

Nas aulas seguintes, Jacqueline organizou as crianças em um semicírculo. Acompanhada por vários dos meninos a quem pediu ajuda, a educadora demonstrou alguns lances. Foi um show de bola! Além de passes tradicionais, a turma conheceu muitos outros, como o estratégico drible da vaca, também chamado meia-lua. A observação, as perguntas e os comentários foram aliados à prática. Em cada um dos quatro cantos da quadra, todos tiveram a chance de jogar em grupos que contavam com a presença de um colega mais experiente. Foi a oportunidade de vivenciar o que já tinham visto (veja galeria).

Nessa etapa, Jacqueline não só observou a garotada em ação: percorreu os grupos, questionando as dificuldades de cada um, falando sobre o nome dos movimentos, incluindo aí os realizados pelo goleiro. E aproveitou o momento para trabalhar com os movimentos feitos pelo árbitro. "Nas partidas oficiais, ele não fala: demonstra com gestos o que ocorreu. Era importante que os estudantes aprendessem a fazer o mesmo durante as partidas", ela explica.

Fábio D'Angelo, coordenador pedagógico do Instituto Esporte e Educação, destaca a validade de trabalhar com todos de forma abrangente, em vez de determinar funções para cada um. "Na escola, não faz sentido ficar treinando um estudante para atuar só como goleiro, por exemplo. A criançada deve ser educada de modo diversificado, experimentando jogar em todas as posições."
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