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Behaviorismo e a educação física escolar







Tendo em vista, a forte influência da cultura estadunidense sobre o Brasil, tal teoria behaviorista foi, mesmo que não intencionalmente, sendo adotada, não só no processo de ensino-aprendizagem brasileiro, mas também nas relações pessoais em geral.

Após esta breve reflexão acerca do que seja o behaviorismo skinneriano, iremos apontar como os professores de Educação Física freqüentemente acabam por valerem-se de seus métodos, mesmo que muitas vezes não tenham ciência disto.

Em relação à analise científica do comportamento, Skinner defendia o "isolamento das partes simples de um evento complexo de modo que esta parte possa ser melhor compreendida" (Fadiman & Frager, 1986, p. 193). Traçando um paralelo com a Educação Física Escolar, isto ocorre constantemente, sobretudo no ensino dos desportos, onde parte-se dos fundamentos (mais simples) para que se chegue aos aspectos táticos (mais complexos), por exemplo. Portanto, sendo análogo ao método de ensino em educação física escolar descrito como Parcial (Oliveira, 1985).

Considerando a finalidade de controlar o comportamento, o ponto em que a obra de Skinner mais se aproxima da Educação Física Escolar é o que se refere ao condicionamento e reforçamento.

O condicionamento operante e o reforçamento na Educação Física podem ser relacionados às premiações que nós, professores, oferecemos aos alunos, quando os mesmos executam aquilo que preestabelecemos, seja na vitória de uma partida ou na execução de um movimento da maneira correta. Outra maneira que nós professores usamos esta mesma estratégia é quando desejamos que os alunos atinjam uma determinada quantificação de resultados. Por exemplo, acertar dez arremessos na cesta de basquetebol. Assim, avisamos que aqueles que terminarem poderão ir beber água. Com isso, transferimos o objetivo da atividade para algo externo - beber água - e não no que verdadeiramente almejamos - as cestas. O que irá motivar o pedido, não será o jogo em si, mas sim, a possibilidade de poderem beber água ao fim do realizado.

O problema reside, em nossa opinião, quando o prêmio é usado com fim em si mesmo. A aula estaria ligada apenas à ele e não por ser uma atividade que venha a proporcionar outras possibilidades de desenvolvimento para o aluno. Além de ser uma maneira barganhista de controlarmos o comportamento dos alunos através de reforços.

Cratty (1984) consubstancia tal argumento quando menciona que algumas pesquisas demonstraram que crianças anteriormente motivadas intrinsecamente (estimulo pelo interesse na própria tarefa ou simplesmente ludicamente) ao serem constantemente recompensadas, estas poderiam modificar suas opiniões sobre si mesmas e da situação, tornando-se muito pouco motivadas intrinsecamente. Pois os prêmios fazem com que a criança perceba que ela não tem o controle da situação e passa a atribuir o êxito ou o fracasso à fatores externos a si mesma. Ademais, o uso desta lógica de recompensa externa perpetua as relações de exploração inerentes ao sistema econômico vigente, contribuindo de forma explícita para a manutenção da ideologia alienante do trabalho.

Todavia, conforme o próprio Skinner afirmou, o reforço pode ser em forma de um sorriso ou algum comentário que venha a reforçar a atitude do aluno (Schultz & Schultz, op. cit.; Fadiman e Frager, op. cit.).

Diante disso, nos surge três questões. Se somos nós, professores de Educação Física, que controlamos a criança a partir do método em questão, poderemos, então, estar revogando o lúdico?; Se o objetivo é a resposta esperada e o aluno souber que será recompensado no caso de atingi-la, será que o mesmo tentará todas as maneiras, inclusive as consideradas ilícitas, para a obtenção de tal recompensa? Se as aulas de Educação Física obedecerem este princípio mecanicista, ou seja, atingiram o comportamento esperado, então ganham o reforço, o que se poderá esperar de tais alunos no futuro?

Por fim, um outro aspecto que a obra de Skinner se encontra com a atuação diária do professor de Educação Física, é o Programa de Reforço de Razão Fixa. Desta maneira, "o reforço é apresentado, não depois de passado um certo número de tempo, mas depois de um número determinado de respostas" (Schultz & Schultz, op. cit., p.283). Percebemos em várias ocasiões na Educação Física, sobretudo naquelas provas onde há exigência de que o aluno, por exemplo, dê dez toques com a bola de voleibol na parede (uma das avaliações do teste de habilidade específica necessária para o ingresso nas faculdades de Educação Física durante um longo período da nossa história). Nesta situação se quantifica o número de respostas que o aluno deve obter, para que a partir disto possa lhe ser oferecido o reforço, neste caso, a nota para aprovação. Outro caso similar é o famoso teste de Cooper.
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