A Educação Física, como as demais disciplinas, deve incluir não apenas os gordinhos e baixinhos, mas também os que têm alguma deficiência (física ou mental). "É papel da escola ensinar a conviver com as diferenças e oferecer meios de ajudar a aumentar a sociabilidade", diz Marcos Neira. Os PCNs defendem que isso ajuda a desenvolver "particularmente as capacidades afetivas, de integração e inserção social". Obviamente, é preciso adaptar as atividades às deficiências dos alunos de sua turma para que eles aprendam.
Ao propor um jogo com bola para uma classe em que uma das crianças se locomova em cadeira de rodas, garanta que ela possa participar, atuando como um dos jogadores ou em outra função em que ela colabore com o grupo. O ideal é dar a ela a oportunidade de treinar e desenvolver suas habilidades ou de fazer parte das atividades que envolvam competição, e não apenas atuar como técnico ou juiz, por exemplo. Dessa forma, todos ajudam, interagem, planejam e se tornam verdadeiros campeões.
Mitos pedagógicos
Muitas práticas já tradicionais não garantem a aprendizagem. Conheça algumas delas:
- Ensinar do mais fácil para o difícil
É melhor intercalar teoria e prática, jogos e fundamentos do esporte. Só treinar arremessos em aulas de basquete não garante que a criança aprenda a jogar.
- Saber dançar ou jogar é um dom
É o mesmo que dizer que habilidades são inatas e não podem ser alteradas. Pelo contrário, dar oportunidades a todos desenvolve competências independentemente da aptidão.
- A competição é nociva
Competir pode ser positivo ou negativo. Não é porque os jogos reforçam a disputa entre as equipes que as crianças vão se tornar competitivas - ou menos cooperativas - em outras atividades. Roberto Rodrigues Paes, da Universidade Estadual de Campinas, diz que "o caráter lúdico, a inclusão, o compartir e o competir próprios do esporte são motivadores".
- A Educação Física ajuda a recrear, distrair e descontrair
As práticas esportivas e os exercícios podem ser muito prazerosos, mas o objetivo da escola não é o lazer, é ensinar. As Orientações Curriculares para o Ensino Fundamental da prefeitura de São Paulo defendem que "as práticas não podem ser confundidas com aquelas dadas nas escolinhas de futebol e academias".
Beatriz Santomauro - bsantomauro@fvc.org.br
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