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Depoimento de um professor: bom salario ou felicidade?





O administrador Claudio Padua já tinha, aos 30 anos, uma vida com que muitos sonham: era diretor de uma indústria farmacêutica, dirigia um carro esportivo e contava com uma vida financeira confortável. O primeiro filho havia nascido, e a mulher despontava como decoradora no Rio de Janeiro. Mas, numa tarde de sexta de 1977, tomou uma decisão: não voltar mais para a empresa. "Tive de decidir entre um bom salário e a minha felicidade."
Não tinha planos, só sabia que queria trabalhar com ecologia. Passou um ano tateando como fotógrafo de natureza. "Não era minha especialidade." O dinheiro chegou ao fim. Vendeu o carro e não tinha nem recursos para pagar a conta de energia elétrica. "Cortaram." Ao tentar um emprego, ouviu um conselho: "Por que não faz biologia?" Passou no vestibular. "Aos 31 anos, eu era o aluno mais velho da turma", conta.
Ciente de sua "desvantagem de idade" no mercado, traçou um plano meteórico. Terminou a faculdade e fez mestrado e doutorado nos EUA. Nesse período, envolveu-se com a preservação do mico-leão-preto, ameaçado de extinção. Manteve-se com consultorias em administração até conseguir uma vaga no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro. Em 1992, fundou o Ipê (Instituto de Pesquisas Ambientais), ganhou prêmios e reconhecimento internacional e virou professor de manejo de fauna na Universidade de Brasília.
Ao falar sobre a carreira, ele diz não se arrepender de nada. "O mico-leão-preto passou de espécie criticamente ameaçada para espécie ameaçada", comenta. E finaliza: "Estou feliz".
(Folha de S.Paulo)
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